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Dinah Jane Point Of View.

Meus pensamentos pareciam continuar lá, no momento em que normani e eu quase nos beijamos se não fosse por suas amigas que inclusive já as conhecia do elevador. Era estranho, porque tudo entre eu e mani me parecia ligado, mesmo sendo tão opostas. Muitas consciências nos cercavam e me custava acreditar que essa cidade poderia ser tão pequena a esse ponto. Não sabia ao certo que ela queria aquilo, se queria realmente me beijar ou foi apenas porque se sentiu vulnerável em relação ao assunto em que estávamos tendo, as pessoas tendem a confudir sentimentos em um estado de vulnerabilidade. Se Diana e Abby não tivessem aparecido, me deixa um questionamento, nos beijariamos? Confesso que era o que eu mais queria ultimamente, desde o momento que a vi. Talvez estivesse louca e completamente perdida com meus desejos mais tolos. Por que eu me torturava desse jeito? Querer algo com alguém como Normani?

Estava completamente ferrada. Só faziam poucos dias que a conheci, hoje foi a primeira vez que trabalhei com ela e algumas horas que passamos juntas acontece isso. O que poderia vir depois disso?  Não sabia se aquilo daria certo, o trabalho. Talvez seria melhor se eu procurasse por outro emprego, não continuaria a trabalhar com aquela mulher. Para o bem da minha saúde mental.

Por Deus, ela era uma tentação.

- Está louca, Hansen? - Regina praticamente gritou ao saber que eu queria sair do emprego, havia contado tudo sobre eu e Normani para ela e Emma. - Uma oportunidade dessa você não vai ter de novo! É só uma vez que aparece uma dessas.

- Sem exageros Gina, eu consigo outro emprego... Só preciso procurar. - Disse querendo soar confiante.

- Não estou falando do emprego, estou falando daquela mulher! PORRA! não é todo dia que encontramos uma Ormani Kordei. - Gina esbravejou enquanto se enconstava no balcão. Estávamos na casa de Emma, tive que vim buscar Star pois o tempo em que estive trabalhando não pude pegar ela na escola, Emma a trouxe para sua casa.

- Não são assim que as coisas funcionam Mills! Mani é casada. - E eu tinha Alexia, apesar de não ser nada concreto ainda, Tenho planos em ficar com ela, ela me parecia não ser um problema como Mani. Não posso ser impulsiva em fazer coisas ao léu.

- Concordo com a Gina, Dinah. - Emma retirou três cervejas da geladeira, entregou uma a verônica e uma para mim, que neguei. Por está de carro e principalmente está com Becca, minha consciência materna me alertou a não ingerir  um gota sequer de álcool.

- Vocês estão viajando demais e eu também estou, talvez fosse apenas impressão minha... normani não iria me beijar.

- Que vontade de te dá um tapa. - Gina colocou a cerveja de garrafa em sua boca e tomou um grande gole. Elas não entendiam que Mani e eu, somos de mundos completamente diferentes. E que basta uma atitude sem pensar para nos colocar em julgamento.

- Não vou discutir com vocês. Amanhã mesmo falo com Mani e peço demissão. - Dei de ombros convicta de que faria a coisa certa. olhei Estrella que parecia muito intertida com a televisão a sua frente, o que parecia ela estava assistindo Rei Leão 2, criança nunca enjoa das coisas mesmo.

- Pensa bem Dinah... sabemos que você está precisando de dinheiro e sejamos sincera, o salário da ONG é muito bom. - emma me aconselhou me fazendo suspirar, ela estava certa, o salário era muito bom e tão bom que podia até sair do coffee já que o salário cobria todas as minhas dispesas.

- E o seu lance com alexia? Como está indo? - Gina perguntou totalmente interessada em minha relação amorosa.

- Bem... mas ontem Star tratou ela mal, sei que é por ciúmes mas tenho receio que atrapalhe minha relação com ela. - Observei minha filha rir da cena em que aparecia o timão e pumba, ela sempre ria dessa parte.

- Star é criança, normal sentir ciúmes com medo de ficar de lado aliás é a primeira vez que você está saindo de verdade com alguém... - Emma falou ao repousar sua cabeça no ombro de Gina, as duas me olhavam e pensei o quanto eram sortudas por ter uma a outra. Caralho, eu estava muito carente.
- Preciso ir. - Anunciei antes de caminhar até a sala onde Estrella estava e então a chamei, ela choramingou um pouco mas cedeu. Era incrível em como minha filha adorava a casa de Emma e a companhia das minhas amigas, tudo em que construímos ao longo desses anos, as duas estiveram ali. Por mim.

- Tchau titia Em e titia Gi! - Star disse animada ao abraçar as duas com seus pequenos bracinhos. Emma e Gina tinham um sorriso tão grande no rosto assim como eu e aposto que tinham o mesmo pensamento. Minha filha era fofa.

- Não fique com vergonha, você sempre gostou de câmeras!

Falei em meio a risadas com a postura de minha filha, seu rosto estava avermelhado indicando o quanto estava com vergonha. Estrella se apresentaria no dia seguinte em sua escola, cantaria uma música e tocaria violão, deixei que a mesma escolhesse uma música e então ela iria cantar uma do The Beatles, banda na qual sempre fiz questão de mostrar a minha admiração principal ao cantar várias músicas, me fazia lembrar de Kim que também sempre adorou escutar cantar enquanto tocava o violão.

Estrella havia escolhido a música Blackbird, de acordo com a mesma era a música que tinha uma letra bonita e leve. Então um dia antes ao perceber que a mesma estava muito nervosa em se apresentar, eu a levei para um lugar silecioso e em que a mesma pudesse se concentrar, ajudei ela com o ritimo da música em que certo ponto ela poderia usar o timbre da voz. Minha filha sempre gostou de aprender e quando se tratava em aprender sobre tocar violão, ela sempre se mostrava bem empolgada e Estrella realmente tinha um talento para tocar e cantar, além de ser bastante fotogenica, ela era uma verdadeira artista e eu amava tudo isso nela. As vezes reparava em algumas coisas dela como o costume que a mesma tinha de sorrir com a língua entre o dente ou como sorria tanto ao ponto de fechar os olhos, talvez isso fosse relacionamento geneticamente ao seus pais biológicos, que apesar de não os conhece-los e odia-los eu comprendia que sem os mesmos, não conheceria Star e o meu mundo sem Star, era impossível, era sem luz, sem alegria, não conseguiria ficar um minuto nele. Costumo dizer que minha filha me apresentou um novo mundo, que não foi eu que a salvei aquela noite e sim ela, ela quem me deu um motivo para sobreviver, a dor que desfigurava por dentro, agonizante e impetuosa foi substituída por um turbilhão de felicidade chamada Estrella. Não há palavras que defina o quão grata sou por tê-la em minha vida.

Enquanto incentivava a mesma a cantar, peguei a sua câmera e começei a gravar minha filha, estávamos em meu carro em frente a um parque, pessoas distantes passeavam, estava uma tarde tão linda e com uma brisa ótima. E foi assim que a vi cantar tão bem, naquele momento enquanto olhava minha filha através da lente da câmera, me sentia a mulher mais sortuda do mundo.

Melro cantando na calada da noite
(Blackbird singing in the dead of night)

Pegue estas asas quebradas e aprenda a voar
(Take these broken wings and learn to fly)

Toda sua vida
(All your life)

Você estava apenas esperando esse momento surgir
(You were only waiting for this moment to arise)

Melro cantando na calada da noite
(Blackbird singing in the dead of night)

Sua voz era tão suave que involuntariamente eu sorria, era um sorriso que não acabava, um sorriso de admiração, um sorriso de felicidade, adorava ve- la cantar apesar de sempre sentir vergonha ao fazer isso em público, mas depois desse dia quando a vi na apresentação da escola e quando ouvi falar eu não me aguentei e chorei ali, feito uma bebezinha.
"eu dedico essa música a minha mamãe Kim que está no céu, mas acredito que possa me ouvir daqui. " Estrella falou antes de começar a tocar, ela segurou o violão em seu colo e se ajeitou no banco, enquanto tocava nas cordas certas do violão a mesma se aproximou do microfone e cantou. Tão linda, tão perfeita. 

- Onde vamos mamãe? Star perguntou ao perceber que passávamos em frente a nossa casa e eu não parei o carro, minha filha tinha uma expressão confusa no banco ao meu lado.

- Lembra do dia em que você está muito nervosa com a apresentação da escola? - Perguntei.

- Sim mamãe... foi o dia em que cantei Blackbird. - Sorri ao saber que ela lembrava perfeitamente. Starq sempre foi boa com memórias, ela se recordava de detalhes.

- Sua mãe Kim gostava dessa música e tinha um lugar muito importante para ela, também foi onde a pedi em casamento.

- Vai me levar lá? - Star perguntou com uma súbita alegria, ela sempre ficava assim quando apresentava algo de Kima ou falava sobre ela. Sua curiosidade pela a mar era surreal. Não havia um dia em que não perguntasse algo sobre ela.

- Sim eu vou lhe levar a um lugar muito especial.

O sol já começava a se esconder entre os grandes prédios de LA, e através daquela parte do Lago podíamos muito bem ver. Tinha um parque bem grande e no Lago vários pássaros por perto, quando Becca os viu sorriu alegre, sabia que a mesma gostaria do lugar. Sua ligação com a natureza era esplêndido, adorava animais, o sol, o mar e principalmente em como tudo ficava ainda mais lindo em contraste.

- Mamãe, são muitos passarinhos! - Star sorriu mostrando suas covinhas enquanto andava ao meu lado, fazia tempo que não frequentava aquele lago, as lembranças de Kim vieram, costumávamos ficar sentadas na grama enquanto comparilhavamos as conversas mais aleatórias de nossa vida, as vezes só ficávamos olhando o sol desaparecer e os passarinhos voarem.

Realmente ali era um lugar em que nos conhecemos mais, que divididos momentos bons e que decidimos nos tornar uma só. Meus olhos brilhavam quando estava na presença dela, quando a escutava falar ou quando resolvia apreciar seu silêncio. Com ela aprendi a palavra amor, o significado real, o sentimento de alma, sentimento físico.

Por longos anos me perguntei a necessidade de ter partido, me questionei onde errei e por que Deus permitiu que se fosse. O luto nos deixa cegos, vulnerável e incrédulo. Acredito em propósitos, por alguma razão, você tinha que partir sendo assim, eu tinha que encontrar star.