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•Cᴀᴍʀᴇɴ• √ Ⓑ︎Ⓐ︎Ⓛ︎Ⓛ︎Ⓔ︎Ⓣ︎ Ⓓ︎Ⓐ︎Ⓝ︎Ⓒ︎Ⓔ︎Ⓡ︎

Capítulo 5 - Desculpas √

ThaisHyuuzumaki

Revisão feita

Cap respostado
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As aulas de balé aconteciam um dia sim e um não. O dia que ela não apareceu na escola pareceu excessivamente longo e cansativo. Lauren se sentia mal pela mancada que deu com Camila e queria de alguma forma se desculpar.

Na verdade, ela não conseguia entender porque isso a incomodava, devia simplesmente esquecer e ficar bem longe dela. No dia seguinte, depois que as aulas acabaram, ela estava caminhando em direção ao estúdio de balé, no caminho viu todos os alunos indo embora, inclusive Demi, então passou bem longe para que ninguém a visse.


-Tem certeza que vai ficar? - ouviu alguém perguntar.

-Vou sim - respondeu.


Lauren reconheceu a voz suave e encantadora, ficou escondida um instante e então viu a bailarina sair do estúdio. Em seguida, caminhou até a porta e a viu. Ela estava sentada em uma cadeira terminando de calçar a sapatilha. Ela suspirou e por um instante considerou ir embora, mas depois estava caminhando até ela.


-Quem esta ai? - ela perguntou erguendo o rosto.

Lauren exitou fitando os olhos hipnotizantes dela.

-Eu sei que tem alguém aí - ela disse se levantando.


Silêncio. Os olhos de Lauren vagaram até a porta.

Camila deu mais um passo a frente e estendeu a mão.


-Quem ta ai? Isso não tem graça - ela disse.

-Sou eu - Lauren disse finalmente - Lauren.

-O que faz aqui? - ela deu as costas a ela e foi caminhando de volta a cadeira.

-Queria falar com você um instante.

-Então fale - ordenou de forma seca - eu tenho que ensaiar.


É, não ia ser fácil conseguir acabar com a má impressão que ela causara.


-Eu queria te pedir desculpas - ela disse - por ter bancado a idiota o outro dia.

-Não perca seu tempo comigo - ela disse enquanto prendia o cabelo num rabo de cavalo desajeitado.

-É sério Camz - ela insistiu - eu sinto muito.

-Camz? - ela riu sem humor.


A garota bufou e pos as duas mãos na cintura. Sabia que o mais sensato era mandar ela embora, ela conhecia o tipo dela, mas, ao invés disso, resolveu que ouviria o que ela tinha a dizer. Então, quando a menina não protestou, ela resolveu continuar.


-Eu não quis ofender você, nem parecer uma arrogante estúpida - ela disse - eu realmente não sabia que você era cega.

-Sério que você não percebeu? - ela fez careta.

-Você não parece ser cega - deu de ombros

- é tão confiante, tão boa no que faz, tão... Tão linda.


Camila sorriu de lado.

-Você acaba se acostumando.

-Então você me desculpa? - perguntou esperançosa.

-Bom, eu acho que posso esquecer a sua mancada se você esquecer a minha grosseria -ela disse - eu costumo ser assim meio grossa com as pessoas que não conheço, acho que é um mecanismo de defesa.

-Então estamos quites - Lauren sorriu.

Camila sorriu para ela. Um sorriso lindo, incrivelmente encantador. Ela estendeu a mão um pouco insegura.

-Acho que lhe devo um aperto de mão - ela lembrou.

Ela riu e ergueu sua mão pra segurar a dela. Tinha a pele macia, delicada e aveludada.

-Bom, eu tenho que ensaiar - ela disse sem jeito quando Lauren não soltava sua mão.

-Ah claro - ela corou e soltou a mão dela

- não vou mais perturbar você, a gente se esbarra por ai.

Lauren deu as costas a ela e caminhou até a porta, se sentia um pouco mais aliviada agora mas parou ao chegar na porta e se virou de novo pra olhá-la, ela continuava parada nomeio do salão.

-O que foi? - Camila perguntou rindo.

-Como sabe que ainda estou aqui? - ela fez careta.

-Eu sou cega, mas ouço muito bem - deu de ombros

- nunca ouviu falar que temos os sentidos mais aguçados?

-Ah, claro - ela concordou

- é que você me deixou meio curiosa.

-Eu costumo fazer isso com as pessoas - ela riu.

Um som incrivelmente agradável

- vamos, pergunte o que quiser.

-Não vou atrapalhar você?

-Não, e você? Não tem nada mais importante pra fazer do que conversar com uma cega?

-ergueu a sobrancelha.

Era uma boa questão. O que ela estava fazendo ali? Devia estar curtindo com as amigas ao invés de ficar perdendo seu tempo. Mas o estranho era que ela não considerava uma perda de tempo, uma parte dela se agradava de estar ali, na companhia dela.

-Não tenho, não - ela disse simplesmente.

Camila se sentou novamente na cadeira.

-O que quer saber?

-Você... Foi sempre assim? - ela disse se sentando no chão na frente dela.

-Sim - concordou - eu nasci assim.

-Então quer dizer que você nunca viu nada?

- ela exitou

- nunca?

-Nunca - sacudiu a cabeça

- pra mim, sempre foi escuridão.

-Deve ser horrível não poder ver nada - comentou.

-Não é tão ruim quanto fazem parecer - ela deu de ombros.

-Como não? - ela pareceu confusa

- pra maioria das pessoas isso seria o fim do mundo.

-Pra alguém que nunca viu nada é mais fácil, não conheço outra realidade mas eu ainda tenho tudo. Minha vida, amigos, só enxergo o mundo de forma diferente.

-Eu não acho que conseguiria - disse fitando o chão.

Ela riu discretamente, ajeitou as sapatilhas e se levantou, ligando o som.

-Não, você não conseguiria - ela concordou.

Lauren levantou também, a fitando com certa descrença.

-Não me olhe assim - ela pediu.

-Como sabe como eu estou te olhando?

-Eu não sou burra - ela deu de ombros

- pessoas como você dão muito valor a coisas materiais, a coisas belas e banais. Imagina como seria terrível não poder mais olhar pras garotas? Ver seus filmes e olhar no espelho?

-Não consigo imaginar - ela confessou.

-Pois é, as pessoas tem medo daquilo que não conhecem e do que não entendem.

Ela tinha razão, Lauren não conseguia imaginar o quão terrível seria não poder ver o mundo. Pior ainda, se pegou imaginando como seria não poder ver o rosto dela: olhar naqueles olhos, ver seu lindo sorriso. Sacudiu a cabeça pra espantar os pensamentos,estava na hora de ir embora dali.

-Bom, eu vou deixar você ensaiar em paz. Desculpa ficar te importunando com minhas perguntas e, mais uma vez, desculpa se causei má impressão.

-Até que se saiu bem. Obrigada por vir se desculpar, outra teria simplesmente ido embora -ela sorriu.

Era isso mesmo que ela devia ter feito, tarde demais pra mudar de ideia.

-Até mais - ela sussurrou.

Ela sorriu sozinha, colocou a música do início e começou a dançar sem perceber que Lauren continuava ali a observando. Ela não soube explicar porque, mas lhe agradava vê-la dançar.

-Chega disso - sussurrou pra si mesma.

........

A caminho de casa a única coisa em que pensava era nela, chegava a ser um pouco irritante.

-É só uma bailarina Lauren - resmungou - uma menina cega.

Cega, inteligente, simpática, linda, intrigante... Fascinante.

Combinações muito perigosas em uma mulher e agora, mesmo que sem querer, Lauren se sentia perigosamente atraída por aquela estranha garota.

Sua voz delicada, seu jeito decidido, a graciosidade com que dançava e tinha também os olhos. Sim, os lindos olhos. Lauren sempre teve certo problema com seus instintos. Toda vez que se encantava com alguma garota, que se sentia atraída, não descansava até conseguir o que queria. Sabia que Camila era encrenca na certa, ela não era como ela, era diferente.

-Ei Lolo, onde você estava? - Lauren tomou um susto quando Normani apareceu bem atrás dela.

-Mas que porra Mani, cuidado, não faz isso - pos a mão no coração.

-Não queria te assustar - ela riu

- onde você tava?

-Por ai - forçou um sorriso.

-Como por ai? - fez careta - você sumiu depois da aula, eu fui na sua casa te procurar e sua mãe disse que não sabia onde você estava, nem suas irmãs, ninguém some desse jeito.

Lauren revirou os olhos e bufou voltando a andar. Não ia dizer a Mani onde estava, seria zoada na certa e se tinha uma coisa com a qual Lauren não tinha paciência, era com a zoação dos amigos

-Eu já disse, estava só dando uma volta por ai - deu de ombros.

-Ta bom - a olhou desconfiada

- sabe quem eu vi hoje na escola?

-Não, quem?

-A menina cega - comentou.

-É mesmo? E daí? - fingiu não se interessar no assunto.

-Você foi ver ela não foi? - questionou sorrindo.

-Claro que não - disse como se fosse um absurdo.

-Vamos, você não me engana.

-Eu já disse que não fui - disse irritada - o que eu iria querer com uma cega?

Normani chegou a se espantar com a repentina agressivamente da amiga. Ela parecia realmente irritada e a forma como pronunciara aquela frase soou quase repulsiva.

-cega - ela comentou cautelosamente.

-Não ligo - concordou

- mas isso não quer dizer que eu vá me envolver com ela.

-Ta - Mani ergueu as mãos - eu só tava brincando.

Percebeu que o clima de descontração dava lugar a um clima tenso e desconfortável. Não havia motivos para estresse e ela podia muito bem lidar com aquilo.

-Olha Mani, tenho que ir pra casa, a gente se vê amanhã.

-Ta bem, tchau.

Depois de se despedir de Mani, Lauren foi direto pra casa. Quando se deitou em sua cama, pensando no dia que teve, ela percebeu uma coisa: gostava da companhia de Camila embora não a conhecesse muito bem. Algo nela era reconfortante e agradável,mas não podia ser vista com ela, seria alvo de zoações pelo resta da vida se se envolvesse com ela. Afinal, ela era cega.

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